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31.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 38: os hotéis da cidade. 

Publicidade ao Hotel Central em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«Um dos mais maiores e o mais moderno hotel da África do Sul: o Polana Hotel», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

30.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 37: os Teatros da cidade. 

«Teatro Gil Vicente: uma popular casa de espectáculos genuinamente portuguêsa», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«Teatro Varietá: propriedade de um colóno italiano, é a casa de espectáculos especialmente frequentada pelo elemento estrangeiro da cidade», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

Quando a percentagem de estrangeiros na capital da colónia ainda era muito elevada, a própria vida cultural parecia dividir-se entre a dos nacionais e a dos «outros». O Estado Novo, então nascente, encarregar-se-ia de «nacionalizar» as diversas afirmações culturais «estrangeiras», até porque o número de nacionais foi aumentando anos após ano. O «Acto Colonial» de 1933, principal disposição legislativa do Estado Novo para as colónias, determinou em várias partes do seu articulado a «nacionalização» das colónias. No seu estilo frontal e eloquente, Bernardino Machado, o presidente da República deposto pelo golpe militar de 1926, desmascara-o em breves palavras:
«O Acto Colonial é um arremesso de xenofobia teatral. Salazar, para melhor espoliar das suas regalias as colónias, centralizando-as, simula querer também coibir as cobiças de estranhos que pairam sobre elas. Temos o inimigo à porta ! Só pela centralização colonial nos defenderemos dele! — clama», [1930, O Acto Colonial da Ditadura, p. 17].

29.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 36: os quiosques da Praça 7 de Março. 

«A Praça 7 de Março — no centro da cidade — com os seus Kiosques da ... "má-língua"», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

28.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 35: o Chiado de Lourenço Marques. 

«A Rua Consiglieri Pedroso é o "Chiado" de Lourenço Marques... Por esta gravura se póde avaliar do movimento da cidade», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

23.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 34: o comércio indiano. 

«O Bairro comercial dos monhés. A Rua da Gávea e a Travessa da Palmeira», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

A cidade colonial comportava, desde o seu início, uma importante comunidade indiana. O censo de 1894 indicava a existência de 245 indianos (23% da população «civilizada»), dos quais 151 eram muçulmanos e 59 hindus. Após 1910, a sua proporção em relação à população «civilizada» diminui, mas a comunidade cresceu em números absolutos: em 1912 Lourenço Marques contava com 848 indivíduos indo-britânicos e em 1928 tal número ascendeu a 1974 pessoas.
A existência de uma tão forte comunidade de indo-britânicos — assim formalmente designados em alguma documentação oficial da época mas mais frequentemente apelidados de «monhés» — ficou-se a dever a dois factores: o primeiro pode ser encarado como uma extensão, para sul, dos interesses comerciais estabelecidos mais acima por toda a costa da África Oriental; o segundo, mais significativo, relaciona-se com a já aqui explicada articulação da região sul de Moçambique com a economia das colónias britânicas vizinhas.
Maioritariamente dedicavam-se ao comércio, circunscritos à Rua da Gávea e às suas seis travessas: da Palmeira, da Porta, da Linha, da Catembe, da Laranjeira e da Fonte. Em 1894, na novel cidade colonial, 189 elementos (77%) da população indo-britânica residia e comerciava nessas ruas.
O seu peso no comércio local era enorme e a disputa com o comércio nas mãos de europeus foi uma constante durante todo o período colonial. Excluídos das associações comerciais e de lojistas da cidade, foram alvo de diversas medidas restritivas por parte do governo da colónia que, assim, procurava corresponder às constantes solicitações da Associação Comercial de Lourenço Marques. Não podendo afectar os comerciantes indo-britânicos já estabelecidos, até porque constituía a sua actividade uma fatia importante da receita fiscal da colónia, em 1899 chegou a ser proibida a entrada de indo-britânicos, medida anulada no ano seguinte. Em 1907, uma disposição legislativa exigia o pagamento de 30$00 réis para poderem desembarcar no porto, mesmo quando o seu destino fosse a África do Sul. Em 1912 o governo da colónia faz publicar um «Regulamento de Polícia de Entrada de Asiáticos», tão restritivo à sua entrada e circulação que perante o protesto das autoridades consulares inglesas foi revogado passados poucos meses. Em 1913 surge o «Regulamento para a polícia e fiscalização da entrada de asiáticos e equiparados nos territórios da Província de Moçambique sob a directa administração do Estado», no qual a discriminação era atenuada mas instituindo uma série complexa de procedimentos administrativos burocráticos cujo objectivo final era colocar o maior número possível de entraves à entrada, circulação e estabelecimento de comerciantes asiáticos.
Esta constante e arreigada discriminação dos comerciantes asiáticos, assim legislada nos primeiros anos da República, não era algo de inteiramente novo. António Enes, o comissário régio responsável pelo lançamento e consolidação das bases da administração colonial em Moçambique proclamava reiteradamente ao longo das páginas do seu afamado Relatório esse mesmo preconceito racial. Começando por veicular a opinião corrente entre os comerciantes europeus de que a principal causa do atraso da colónia era invasão dos comerciantes asiáticos «densos e vorazes como gafanhotos», Enes faz desfilar ao longo de quase uma dezena de páginas [1893, Relatório apresentado ao Governo, Lisboa, Imprensa Nacional, pp. 51-59] uma sucessão impressionante de enunciados preconceituosos, apenas quebrada quando o autor se apresta a reconhecer que se tratava de uma comunidade pacífica e obediente, muito importante no desenvolvimento da rede comercial da colónia.
Não menos preconceituoso e racista um outro autor, logo nos primeiros anos da República, descreve nestes termos a comunidade indiana de Lourenço Marques:
«... as suas habitações, pequeníssimas e imundas, sem ar nem luz, verdadeiras luras repelentes onde habitam grande número de pessoas, são sempre nos sítios mais escusos, mais retirados e esquecidos, o que tudo fazem por uma sórdida economia. Juntamente com infinita variedade de mercadorias, amontoam os móveis domésticos, os catres, e durante a noite é no pavimento, nos balcões, por cima das mercadorias que dormem patrões e empregados (...) de génio bastante servil e adulador, ao serviço de uma cupidez insaciável e mesquinha, são de uma psicologia notavelmente acanhada e de uma moral muito degenerada. Astuto e de grande esperteza para o pequeno comércio, desenvolve uma extraordinária habilidade na escamoteação de quantas pequenas moedas sonha no bolso dos indígenas», [Padre Daniel da Cruz, 1910, Em Terras de Gaza, Lisboa Gazeta das Aldeias, p. 305].
Já nos anos 70 o grande historiador moçambicano Alexandre Lobato narrava de forma completamente díspar o ambiente na Rua da Gávea:
«Paira no ambiente um cheiro doce e forte a especiaria, dos cozinhados do Oriente que se preparam nos telheiros dos quintais acanhados. As travessas e a rua são estreitas e debruadas de estreitíssimos passeios, como em Diu. Muitos prédios são ainda primitivos, dum só piso com cimalha, paredes grossas de pedra, janelas estreitas com taipais antigos e cadeados da Índia, portas grossas com ferrolhos enormes, frestas altas gradadas da rua para os quartos escuros. Os muros dos saguões são todos altos, com pequenas portas para os pátios estreitos onde, por vezes, se abrem poços fundos, antigos. Alcandoram-se, entre os muros, escadinhas, cubículos anexos, terraços e varandins, por entre papaeiras e plantas aromáticas de jardim, que os orientais cultivam sempre. Mas já não há palmeiras compondo os ambientes frescos, onde era calma a existência secular em negócio para a rua na sala de entrada e vida para o pátio nos quartos de trás, com a mercadoria por entre a família, e a forrar as prateleiras da loja», [Alexandre Lobato, 1970, Lourenço Marques, Xilunguíne, Lisboa, Agência Geral do Ultramar, p. 193].

22.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 33: a Mesquita. 

«A Mesquita dos monhés», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

A designação «monhé» tinha, no contexto colonial, uma forte carga depreciativa, apesar de etimologicamente parecer derivar de «muenhe» que em algumas línguas da região quereria significar «senhor, patrão». Com toda a sua carga pejorativa, o epíteto era utilizado para designar os várias grupos culturais de origem indiana, englobando quer os de culto islâmico, quer os de culto hindu (originários sobretudo do Guzarate), quanto omanitas (ou provenientes de outros sultanatos do Golfo) ou africanos islamizados do Norte da colónia, como macuas e swahilis.

21.12.04

A Maçonaria em Moçambique 
Ontem publiquei aqui a foto do «sumptuoso Palácio Maçónico» de Lourenço Marques, em 1929. Dada a imponência do edifício inquiri o Zé Flávio do Maschamba sobre a sua actual localização, omissa na legenda da imagem publicada nos álbuns de Santos Rufino que tenho vindo a editar. Pois aqui está a resposta: é a actual Escola Industrial de Maputo, na esquina da Av. 24 de Julho com a Av. Vladimir Lenine. E mão amiga e diligente (obrigado António!) fez-me chegar de França a imagem actual. Ei-la:

Os Álbuns de Santos Rufino - 32: a Associação Chinesa. 

«O Pagode Chinêz», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

Pouco se sabe sobre a mais fechada e discreta das comunidades residentes no Moçambique colonial. O único estudo sobre a comunidade chinesa levado a efeito nos tempos coloniais é o de D. J. Rebelo, «Chinese extraction group in Mozambique» [1970, Boletim da Sociedadede Estudos de Moçambique, 39:133-141]. Por aí e pelos censos conhecidos ficamos a saber que 1894 viviam em Lourenço Marques 36 adultos homens, uma mulher e duas crianças chinesas (representando apenas 3,68 % da população « civilizada »). Em 1912, com a expansão da malha urbana, cidade e subúrbios contavam com 550 homens e 23 mulheres chineses. Depois dessa data o seu número oscilou bastante: em 1928, Lourenço Marques tinha 314 chineses, em 1935 este número voltou a subir para 483 e em 1940 chegou a 570 indivíduos.
O «Pagode Chinez (Associação Chineza)» foi fundado em 1903, mas reconhecido oficialmente pelo governo colonial somente em 1924. O Pagode tinha como objectivos promover a educação, a organização de festas, bailes e jogos e a assistência social aos membros necessitados em caso de desemprego, doença, invalidez e morte. Anexo ao edifício do Pagode existia um templo dedicado a Buda, edificação quadrangular de madeira e zinco. Finalmente, em 1938 fundou-se a Escola Chinesa, para providenciar ensino primário em chinês e português às crianças da comunidade, instalada em anexo do Pagode.

20.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 31: a Maçonaria. 

«Um sumptuoso edifício: o novo Palácio Maçónico», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

O Estado Novo, então nascente, cercear-lhe-ia, em grande parte, a sua margem de manobra, mas as principais figuras da administração civil e militar da colónia durante a República pertenciam à Maçonaria. A imponência do edifício comprova o poder político e económico da Irmandade.

Os Álbuns de Santos Rufino - 30: a Sinagoga. 

«A Sinagóga», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

19.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 29: as Igrejas protestantes. 

«A Missão Suissa», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«A Igreja Wesliana», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

Duas das mais importantes igrejas protestantes no Moçambique colonial tinham, contudo, esferas de influência muito diversa. A Igreja Wesliana Metodista era uma congregação que servia os muitos estrangeiros que, por essa altura, habitavam a cosmopolita Lourenço Marques («Lourenço Marques, que nos seus nove mil habitantes europeus conta gente de 26 nacionalidades…»). Já a Missão Suíça, de culto presbiteriano, era essencialmente dirigida aos africanos. Estabelecida no sul da colónia desde o início do último quartel do século XIX, foi, em algumas ocasiões, uma instância defensora dos interesses das populações africanas colonizadas. O seu papel na formação de uma pequena elite africana instruída no Sul de Moçambique não pode ser ignorado e, desde 1900, a direcção eclesiástica da Missão passou a ser integralmente assumida por africanos.

Os Álbuns de Santos Rufino - 28: a velha Igreja paroquial. 

«A Igreja Paroquial», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

Nos anos 40 deu lugar à Sé de Lourenço Marques, na Praça do Município, formando com a estátua de Mouzinho de Albuquerque e o edifício da Câmara o centro da cidade colonial.

17.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 28: os autocarros de Lourenço Marques. 

«Os Auto-onibus que fazem carreiras baratas para todos os pontos da cidade», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

Os Álbuns de Santos Rufino - 27: os riquexós de Lourenço Marques. 

«Os Rickshaws: característico meio de condução de que o público já pouco se serve», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

Os Álbuns de Santos Rufino - 26: os eléctricos de Lourenço Marques. 

«Os "Electricos" da Cidade», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

Os Álbuns de Santos Rufino - 25: as praças de táxis. 

«Uma das Praças de carros de praça», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

16.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 24: as casas de modas. 

«Dois estabelecimentos de modas», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

15.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 23: as largas avenidas de Lourenço Marques. 

«A Avenida Aguiar», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«A Avenida Pinheiro Chagas, vista do antigo cemitério», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«Avenida 5 de Outubro», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«A Avenida 24 de Julho, vista do Alto Mahé», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

O arrojo urbanístico da cidade colonial naquela década de 20 não deixa de ser surpreendente. Largas avenidas rasgavam a emergente malha urbana de lés-a-lés, no sento longitudinal entre a Polana e o Alto-Mahé e no sentido transversal entre a baixa o «bairro indígena». É preciso lembrar, como faz notar Mário Costa no texto introdutório deste 3.º volume dos Álbuns de Santos Rufino, que viviam na cidade, em 1928, cerca de 9.000 europeus:
«Lourenço Marques, que nos seus nove mil habitantes europeus conta gente de 26 nacionalidades, é, infalivelmente, uma cidade cosmopolita. Fora de dúvida porém, que a percentagem de portugueses sobreleva, em mais de três vezes, o numero total dos habitantes europeus das outras nacionalidades, não podendo, assim, nem mesmo levianamente, empregar-se a palavra «desnacionalização» que, á primeira análise, pareceria apropriada. Também. é notável o número de indivíduos asiáticos, próximo de 3.000, e, naturalmente, maior que todos, o número de indígenas.
Não se pode dizer, pois, de Lourenço Marques, como de certas cidades, que, pelo seu aspecto geral se conhece a índole dos seus habitantes ou o seu modo de ser. Assim o não permite a sua heterogeneidade.
Vem este rápido intróito a propósito dos seus edifícios. Com proprietários de tantas nacionalidades, não podem apresentar um estilo único, antes, na maioria, muito se afastam uns dos outros: aqui, uma casa matando saudades do Portugal distante; ali, outra, absolutamente diferente, — saudades da Grécia, da Itália, da Grã-Bretanha, de um país longínquo; ainda um airoso chalé, cópia talvez de uma «vila» perdida na terra do seu proprietário; uma casa alta e ampla, estilo moderníssimo, emparelhando com uma outra, baixa e acanhada. . . sem estilo nenhum.
Não há o aspecto igual. A simetria monótona que cansa a vista e aborrece o gosto, não tem lugar nos edifícios de Lourenço Marques».

Surpreendente, de facto, o crescimento da cidade naquelas pouco mais de duas décadas. Lourenço Marques tinha em 1894 uma população total de 591 indivíduos europeus, dentre os quais 131 (22,1 %) eram de sexo feminino ; em 1912, de um total de 5.562, as mulheres europeias eram 1.768 (31,7 %). Em 1928, como refere Mário Costa, os brancos já eram 9.001, dos quais 3.515 (39 %) eram mulheres. Por essa altura, a estrutura urbana daquela que viria a ser grande cidade colonial doas anos sessenta e setenta, com mais de 70.000 europeus, já estava traçada.

14.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 22: a The Delagoa Bay. 

«Escritórios da importante firma The Delagoa Bay Agency & Co. Ltda. e Garage Chrysler e deposito de alfaias agrícolas da mesma firma», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.




Publicidade à The Delagoa Bay publicado em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. III («Lourenço Marques. Aspectos da cidade, vida comercial, praia da Polana, etc.»), Lourenço Marques, 1929.
Trata-se de um anúncio muito significativo, por aquilo que de histórico e premonitório encerra. Delagoa Bay era o nome que os ingleses atribuíam à baía onde cresceu a cidade colonial e durante mais de cem anos assim foi internacionalmente reconhecida. É sabido que os ingleses, por diversas vezes, disputaram aos portugueses a posse daquele território, cientes que estavam da importância das facilidades costeiras e portuárias que a baía possuía. Em 24 de Junho de 1875 o general Mac-Mahon, presidente da França, arbitrou a favor de Portugal o conflito entre o país e a Grã-Bretanha sobre a soberania da baía que os portugueses designavam de Lourenço Marques. A insistência dos portugueses em atribuírem ao local o nome do primeiro português a explorar a região, em 1544, relaciona-se com essa necessidade de «nacionalizar» um território alvo da cobiça internacional.
A baía foi «descoberta» pelo portugueses logo após a primeira viagem de Vasco da Gama à Índia, aparecendo já referenciada em 1502 no célebre mapa de Cantino. Era conhecida, nesses primeiros tempos, por Baía da Lagoa, pois acreditava-se que os vários rios que nela desaguavam provinham de uma grande lagoa existente no interior. O seu reconhecimento geográfico só viria a ser feito em 1544, no reinado de D. João III, por esse tal negociante (tratante, como se dizia na altura) chamado Lourenço Marques. A Baía da Lagoa das primeiras crónicas portuguesas sobre a região originou o topónimo inglês Delagoa Bay, nome recuperado pela principal empresa de capitais ingleses estabelecida na capital da colónia, mas cuja sede se situava em Londres.
Atente-se, todavia, no endereço telegráfico da The Delagoa Bay Agency Co. Ltd.: «Maputa», em alusão a um dos rios que desagua na baía. Em território sul-africano, de onde provém, recebe o nome de rio Usutu ou rio Maputa (em registos mais antigos) e a região do Natal que atravessa é chamada de Maputaland, mas os portugueses, seguramente devido a incómodas consonâncias fonéticas, sempre designaram o rio pelo nome de Maputo. E Maputo seria o nome que Moçambique independente escolheria para designar a sua capital.
Cabe dizer, finalmente, que a empresa The Delagoa Bay Agency Co. Ltd. manteve-se em actividade, na sua sede em Londres (depois no seu novo endereço na Hill House, 1 Little New Street) até muito recentemente. Foi dissolvida, por falência, no dia 18 de Junho de 2003, encontrando-se ainda em aberto o processo de levantamento de credores.

13.12.04

Propaganda da Companhia de Moçambique - 2. 

Publicidade à Companhia de Moçambique na revista Lusocolonial, revista de defeza e propaganda, n.º 3, 15 de Fevereiro de 1928, Lisboa.

12.12.04

Propaganda da Companhia de Moçambique - 1. 

Publicidade à Companhia de Moçambique na contra-capa da revista Lusocolonial, revista de defeza e propaganda, n.º 1, 15 de Dezembro de 1927, Lisboa.

6.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 21: as locomotivas dos C.F.L.M. 

«O Depósito de Máquinas dos C.F.L.M.», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«Pláca giratória para inversão de máquinas dos C.F.L.M.», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«Estas duas fotografias fórmam um comboio, com material destinádo ás minas do Rand», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.


Escrevemos algures que durante toda a primeira metade do século XX o sul de Moçambique se especializou na prestação de serviços à África do Sul e às suas minas de ouro e diamantes no Rand. Enquanto o norte da colónia era entregue, no último quartel de Oitocentos, à concessão das companhias majestáticas (nas condições já aqui descritas), o sul prestava dois serviços à África do Sul: fornecia contingentes de mão-de-obra barata para as minas; vendia serviços portuários e ferroviários para a província do Transvaal. A situação geográfica de Lourenço Marques, a poucas dezenas de quilómetros da fronteira com a África do Sul, e, sobretudo, as excelentes condições naturais de acostagem na baía de Lourenço Marques, tinham tornado o seu porto muito concorrencial face aos portos sul-africanos, como por exemplo Durban. Só assim se explica a explosão urbanística de Lourenço Marques em pouco mais de 25 anos, aquele lugar infecto e pantanoso, glosando as palavras de António Enes em 1895, onde se alinhavam meia-dúzia de casebres em torno de um fortim militar, sempre acossado pela hostilidade das «tribos cafres» vizinhas.

5.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 20: os Caminhos de Ferro de Lourenço Marques. 

«O grandiôso edifício das Repartições do Caminho de Ferro, junto á Estação Central. Em cima: o Director do Porto e C.F.L.M.», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«Aspectos da "Gare" da Estação Central dos C.F.L.M.», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

4.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 19: o Liceu 5 de Outubro. 

«O Liceu Nacional 5 de Outubro e o seu Reitôr», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.




«Os primeiros estudantes do Liceu de Lourenço Marques que usaram capa e batina», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

O dado de maior relevo parece ser o número relativamente elevado de estudantes não-europeus – sobretudo indianos – que frequentavam o ensino secundário colonial. É preciso lembrar que nestas primeiras décadas da primeira metade do século XX, uma parte significativa dos quadros administrativos da colónia estava entregue a funcionários goeses, herança dos tempos em que o governo do Estado da Índia abarcava também Moçambique.

3.12.04

Os Álbuns de Santos Rufino - 18: os militares. 

«O Quartel General da Colónia. No medalhão: o Chefe do Estado Maior da Colónia», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.



«Metralhadôras ligeiras», em João dos Santos Rufino, Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, vol. II («Lourenço Marques. Edifícios públicos, porto, caminhos de ferro, etc.»), Lourenço Marques, 1929.

A legenda é, manifestamente, enganadora. Apenas o comandante da secção, um europeu, está armado de metralhadora e devidamente ataviado. A secção «indígena» está equipada com espingardas Mauser e, assinale-se, descalça.

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